domingo, 12 de outubro de 2008

Buscai pelo que Vive

Jesus disse:
Buscai ‘Aquele que Vive’ enquanto estais vivos,
A fim de que não morras e ao procurá-Lo, sejais incapaz de vê-Lo”.
Isto é uma técnica: “Buscai ‘Aquele que Vive’...” Mas dentro de você existe alguém que é “O que Vive” e outro que já está morto. Dentro de você os dois mundos se encontram, o mundo da matéria e o do espírito – você está justo na fronteira. Em você dois reinos se encontram, o reino da morte e o da vida – você está entre os dois. Se você dedica muita atenção àquele que pertence à morte você sempre estará com medo, sofrendo, aterrorizado. Se você se dedica ao teu imo, que pertence à vida, à vida eterna, à imortalidade, o medo desaparecerá.
Jesus diz: “Buscai ‘Aquele que Vive’ enquanto estais vivos...” E não falhe, porque no momento da morte será extremamente difícil buscar ”O que Vive”.
Se por toda a tua vida você tem se dedicado ao reino da morte – o reino das coisas, o reino da matéria, este mundo – se você só se dedicou ao reino da morte, será difícil, quase impossível, procurar pelo reino da vida quando estiver morto ou à morte. Como você poderá repentinamente dar as costas à sua crença, ou repentinamente mudar sua cabeça? Será impossível, você ficará paralisado. Toda a tua vida tem sido se preocupar com coisas externas, não conseguirá desviar o rosto, não poderás mudar de rumo. Para tal seria necessário um movimento contínuo em direção ao mundo do imperecível.
Enquanto estiveres vivo, “Buscai ‘Aquele que Vive’ enquanto estais vivos...”.
Sempre que houver um momento de silêncio, feche seus olhos e olhe teu interior, para que teu pescoço se mantenha flexível, de outra forma quando a morte vier você estará paralisado. Você gostaria de ver a vida eterna, mas não será capaz por não poder mudar de rumo.
“... a fim de que não morras e ao procurá-Lo, sejais incapaz de vê-Lo”. E Ele está dentro de você, mas você se tornou um obstinado, um obcecado. A obsessão pelo mundo exterior[1] deve ser destruída. Não há necessidade de se isolar nas florestas, isto não ajudaria, mas nas 24 horas de um dia há oportunidades suficientes para dar uma olhada para dentro. Não as perca. Sempre que der tempo, apenas feche os olhos, por um instante que seja olhe para dentro à procura ‘Do que Vive’. Ele está lá, só é preciso um pouco de prática para ver e se sintonizar com a escuridão interior. É escuridão por agora porque você está sintonizado com a luz exterior. Quando você se sintonizar à luz interior, verá que ela é uma luz difusa, mas não é escuridão; é muito calma, consoladora e acolhedora, mas não é intensa – é uma meia-luz.
É como o sol que ainda não surgiu quando a noite já quase se foi. É o que os Hindus têm chamado de Bhrama Muhurta, Porque o chamam de Bhrama Muhurta, o momento de Deus? O chamam assim devido a um fato que ocorre no cerne do ser: quando ele se afina com ‘O que Vive” a luz exterior desaparece e a escuridão interior ainda não se foi, porque apenas quando ocorrer a sintonização a escuridão desaparecerá. Nesse momento existe um meia-luz, sandhyakal, um momento em que não há nem luz nem escuridão. A isto eles chamam de Bhrama Muhurta, o momento do Divino. Sintonize-se, observe, espere, procure. Logo seus olhos se acostumam e você se torna capaz de ver.
Não há uma luz intensa, apenas uma luz difusa, pois não é gerada por um sol. É apenas a sua luz natural, não é gerada por qualquer outra coisa. É sua própria luz, sua própria aura interior – é ela que você vê. Sempre que houver tempo, não o desperdice. E então você encontrará momentos suficientes: quando estiver indo dormir, observe: o dia acabou, o mundo da morte já se foi, você está indo descansar – olhe para o seu interior. De manhã, quando perceber que o sono se foi, não há necessidade de pular da cama e embrenhar-se imediatamente nesse mundo. Espere um pouco, feche os olhos, olhe pra dentro: lá é calmo. Uma noite toda de descanso ajuda, será mais fácil se concentrar no seu interior.
Por isso todas as religiões insistem em que se façam orações ao ir dormir e também quando se retorna do mundo dos sonhos. Estes momentos são especialmente bons: ao anoitecer você já se cansou do mundo, está cheio deste mundo e está pronto para se concentrar em alguma outra coisa. Pela manhã você está descansado e o descanso ajuda, você pode buscar o interior. É isto que Jesus diz: “Buscai ‘Aquele que Vive’ enquanto estais vivos, a fim de que não morras e ao procurá-Lo, sejais incapaz de vê-Lo”. E Ele estará lá, mas você não será capaz de vê-lo apenas por causa de um mau costume que teve por toda a vida.

Eles viram um Samaritano que conduzia uma ovelha em seu caminho para a Judéia.
Ele disse a seus discípulos: Porque este homem conduz uma ovelha consigo?
Eles responderam: Para matá-la e comê-la
Ele lhes disse: Enquanto a ovelha estiver viva, ele não a comerá, mas apenas depois que ele a tiver matado e que a ovelha se torne um cadáver.
Eles disseram: De outra forma ele não poderia fazê-lo.
Vós também buscais um lugar no repouso a fim de que não vos torneis em cadáveres e sejais devorados.”

Seu corpo se tornará comida para os vermes, para os pássaros. Seu corpo é alimento, nada mais, não pode ser outra coisa – seu corpo se forma por força da comida. Por isso que, se você não comer, seu corpo começa a desaparecer. Se você começa um jejum, quase um quilo de seu corpo desaparecerá por dia. Onde está indo o corpo? Todos os dias você precisa enchê-lo de comida – o corpo é um sub-produto da alimentação. Por isso, quando você morre, o que ocorre com o corpo? O mundo o usará como comida: os vermes da terra te comerão, ou os pássaros do céu te comerão. Isto te amedronta, você fica apreensivo porque, “eu serei comido”. Por isso, por todo o mundo, as pessoas têm criado formas para não serem comidos. Mas elas são tolas!
Hindus queimam o cadáver apenas para evitar uma coisa, evitar que o cadáver seja comido. Os muçulmanos botam o corpo num caixão e este em um túmulo apenas para protegê-lo. Os cristãos fazem o mesmo. Só os zoroastristas não têm feito isso: eles deixam que o cadáver vire alimento. São mais naturais sobre este assunto, e mais científicos também, porque você não deve destruir a comida. Você andou comendo pássaros, animais, frutas, por toda a sua vida e agora você tem um corpo com mais que noventa quilos e você o destrói, o queima. Isso não é bom, você não está sendo grato ao mundo. Você deve devolver o corpo ao mundo na forma de comida – ele é comida!
E porque você imagina que incinerar é melhor, jogar um cadáver ao fogo é melhor que permitir que ele seja comido por um verme ou um pássaro ou um animal? Porquê? Já que neles o fogo também queima – no estômago do pássaro, ou do leão – e este fogo dissolverá seu corpo. Mas este é um fogo natural e pelo menos aplacará a fome de alguém, ou alguma coisa.
Apenas os Persas[2] mantiveram a naturalidade com relação a isto, mas mesmo eles estão vacilando agora porque todos dizem, “Isso não está certo, como podem fazer isso com seu pai, com sua mãe... Que tipo de gente vocês são? Vocês são muito cruéis!” Mas e atirar um corpo às chamas, não é cruel? Ou enterrá-lo bem fundo na terra, não é cruel? Os persas são mais ecológicos, completam o ciclo. Hindus, muçulmanos e cristãos são menos ecológicos, eles interrompem o ciclo, o que não é bom.
Jesus diz: “Se você não compreender o Intimo, ”O que Vive”, o Consciente, então, fatalmente você será comido, e isto é tudo”. Tua vida toda tem sido fútil, comendo o tempo todo, trabalhando para poder comer e, finalmente, sendo comido – eis a história toda. “Uma fábula contada por um idiota, cheia de som e fúria e sem qualquer significado”. A vida toda, uma batalha por comida, e finalmente, você vira comida. Qual o significado disso?
Jesus diz: “Antes que você morra, antes que sejas comido, compreenda aquilo que não pode virar alimento em você, que não se originou do alimento”. Aí você entenderá uma outra coisa.
Todas as religiões têm tentando usar o jejum. Porquê? Porque quando você jejua, sua consciência aumenta intensamente, porque ela não é parte afeta à alimentação. Na verdade, o alimento prejudica a consciência, e quando você não come se torna mais consciente, isso porque a comida ocasiona uma sonolência, é intoxicante. Por isso se você come muito, se sente sonolento imediatamente, como se o alimento fosse alcoólico, você come e tem que tirar uma soneca. Se você começar um jejum, achará bem difícil dormir neste primeiro dia. Você acha que é por causa da fome? Não, isto ocorre porque sem o alimento, a consciência se torna mais intensa.
E se você jejuar por um longo período, depois do terceiro quarto ou quinto dia, a fome desaparece, porque o corpo insiste por uns dias: três, quatro ou cinco – o corpo não tem uma memória muito boa – insiste no velho hábito por uns poucos dias e então, se você não lhe dá ouvidos ele se arranja de outra forma. O corpo tem outra forma de se suprir, isto é necessário como medida de segurança. Todo dia você tem de comer para dar ao corpo a sua cota diária. Se você não lhe der comida por cinco, sete dias, o corpo aciona sua medida de emergência: e se volta para as carnes e gorduras que acumulou, o corpo cria reservas.
Todas as pessoas comuns e saudáveis acumulam gordura o suficiente para pelo menos três meses; trata-se de uma reserva. Quanto o corpo acredita que você não lhe fornecerá alimento, começa a se alimentar de suas próprias reservas. Um corpo comendo suas próprias reservas, não envolve de forma alguma a consciência neste processo. Não é necessário faturar, e trabalhar, e se cansar para dar comida ao corpo. E quando você alimenta o corpo, para absorver o alimento, para digeri-lo, toda a sua energia é necessária. Por isso que, assim que você come, se sente sonolento: porque a energia que se usava para ficar consciente está sendo necessária no estômago para trabalhar como uma força digestiva. Esta migração ocorre instantaneamente.
Por isso os que comem muito não podem meditar bem, é impossível! Eles podem dormir bem, não conseguem manter a consciência, não podem mesmo ser muito cônscios. São alimento e nada mais – e serão comidos; sua vida toda é uma cadeia alimentar. Todas as religiões perceberam que se você jejuar, a consciência se potencializa, porque existe uma energia ociosa quando não há nada para digerir. Nada para ser ingerido e nada para ser expelido; todo o trabalho pára. O trabalho na fábrica corporal cessou, a fabrica está fechada. Então, toda a energia que você possua se torna consciência. Por isso é difícil dormir quando você está em jejum.
E se seu jejum já se estende por pelo menos vinte, trinta ou quarenta dias, você terá um tipo novo de sono: seu corpo dormirá mas você se manterá alerta. Foi isto que Krishna disse a Arjuna: “Enquanto todos dormem, um yogi se mantém desperto”. Foi disto que Buda falou, “Mesmo quando durmo não durmo – apenas o corpo dorme”. Por isto quando Mahavir dormia, nunca se movia – nem mesmo um centímetro. Nunca mudava de lado, porque se mantinha alerta. E ele disse: “Me mover não seria bom, pode haver algum inseto rastejando ali” – porque ele dormia no chão ou sob uma árvore – “e se eu me mover no escuro para mudar de lado, pode haver alguma violência - não intencional, mas ainda assim. E se eu posso evitar isso...”[3]. Então ele permanecia em uma única posição por toda a noite, ficava exatamente como deitou, não mexia nem a mão. Só é possível fazer isto se você estiver perfeitamente consciente enquanto dorme, de outra forma você nem perceberá que se mexeu.
Se você se torna consciente, toma consciência de uma dimensão diferente dentro de você. O visível pertence à morte, o invisível pertence ao imperecível.
Jesus diz: “Vós também buscais um lugar no repouso...” Busquem um estado de silêncio, repouso, tranqüilidade, equilíbrio, onde você possa tomar ciência do ‘Que Vive’ “... a fim de que não vos torneis em cadáveres e sejais devorados”.

Jesus disse: Dois repousarão em uma cama: Um morrerá, o outro viverá”.

Exatamente as mesmas palavras são encontráveis nos Upanishads. Lá se diz, que há dois pássaros em uma árvore, um sentado em um galho mais baixo, e outro em um galho mais alto. O pássaro no galho baixo, pensa, se preocupa, deseja, exige, acumula, luta, compete; ele vive em angústia, tensão, pulando de um galho para outro, sempre em movimento, nunca em repouso. O outro pássaro, pousado em um galho mais alto, está em repouso. É tão calmo que parece não existir. Ele não tem necessidades a suprir, como se tudo já tivesse sido atendido, como se ele se sentisse realizado[4], nenhum lugar mais para ir. Ele apenas se senta, gostando de si mesmo, e assiste os movimentos do pássaro no galho mais baixo.
Estas são as duas dimensões dentro de você. Você é a árvore. O que é mais baixo está sempre em tumulto. O que é mais baixo é o corpo e suas necessidades e seus desejos. No galho mais alto, no alto da árvore, pousa o outro pássaro que é uma testemunha, que apenas olha para o passarinho tolo mais abaixo, pulando, criando angústia, ansiedade, raiva, sexo – tudo acontece a ele. Esse outro pássaro é só uma testemunha, apenas segue observando, é só um espectador. E se você se deixa fundir completamente com este pássaro, então você se torna um e uno. Você é a árvore.
Jesus diz a mesma coisa usando um símbolo diferente: “Dois repousarão em uma cama...” Você é a cama. “Dois repousarão em uma cama: Um morrerá, o outro viverá.” Você é a cama ocupada por dois: “... um morrerá, o outro viverá”. Bom, então a questão toda é a qual do dois se deve dedicar maior empenho. Para qual você deve se dirigir, em direção a qual flui toda a tua energia? Qual deles deve ser a tua meta?
Normalmente este um que morrerá é a tua meta. É por isso que você está sempre ansioso, porque está construindo uma casa sobre a areia. Ela ruirá – mesmo antes de completada ela cairá e virará ruína. Você está sempre nervoso por estar tentando assinar na água – antes de completar a assinatura, ela já se foi. Sua ansiedade é porque você está comprometido com o reino da morte e não voltou tua atenção para vida. E em cada cama há dois dormindo – o outro é apenas uma testemunha.
Preste mais atenção neste, dedique-se a ele mais e mais – é isto que significa a conversão. Conversão não é um hindu virar cristão, ou um cristão virar hindu. Isto é bobagem, só se muda o rótulo. Nada mudou porque o interior do homem permanece o mesmo, a mesma velha forma. Conversão significa mover a atenção do reino da morte para o reino da vida. E uma virada: procurar pela testemunha, tornar-se um com ela, perder-se nela, perder-se na consciência. Aí você percebe que o que é perecível perecerá. Não é problema – porque você percebe que você não morrerá, não há mais medo.

Jesus disse: Dois repousarão em uma cama: um morrerá, o outro viverá.”

E depende de você. Se quer ter problemas nunca se preocupe com o Eu Interior, se quer viver sempre angustiado, mantenha-se apenas na periferia, não olhe para dentro. Mas se quer repousar, uma eternidade de paz, de verdade, as portas do Paraíso abertas para você, então olhe para dentro. Isso é difícil, porque é muito sutil. É onde o invisível e o visível se tocam, onde matéria e espírito se tocam, muito sutil mesmo. Você pode ver a matéria, não pode ver o espírito, ele não pode ser visto. Você pode ver onde termina o visível, mas não onde começa o invisível, isto não pode ser visto.
E o que se deve fazer então? Mantenha-se bem na fronteira do visível, e não olhe para ele, olhe na direção contrária. Gradualmente o invisível será sentido. É um sentimento, não é uma aprendizagem; não se pode vê-lo, só senti-lo. É como uma brisa: ela vem, você a percebe, mas não pode vê-la. É como o céu: ele realmente está ali, mas você não pode dizer onde, não pode divisá-lo, nem tocá-lo. O invisível está sempre presente, você faz parte do invisível, mas não pode tocá-lo.
Mantenha-se na fronteira do visível olhando na direção contrária ao visível. É disso que se trata na meditação. Sempre que puder encontrar um momento de paz, feche seus olhos, deixe o corpo, os assuntos do corpo, o “mundo da morte” para trás; o mercado, o escritório, a esposa, as crianças – deixe-os todos. Na primeira vez você não será capaz de sentir nada em seu interior. Hume disse uma vez: “Muitas pessoas têm falado sobre se interiorizar e dar uma olhada lá dentro. Sempre que eu tento não encontro nada – só pensamentos, desejos, sonhos, flutuando por todo lado – um caos”. Você também sentirá o mesmo, e se concluir que não é útil fazer isso várias vezes para ver este caos, você fracassará.
No princípio você verá o caos, porque é tudo que seus olhos podem ver – eles precisam se acostumar. É só ficar lá, olhando os sonhos flutuantes. Eles flutuam como nuvens no céu, mas entre um nuvem e outra algumas vezes você verá o azulado, entre dois sonhos, dois pensamentos, algumas vezes você avistará o céu que existe além. Só não tenha pressa. Por isso é que se diz que se você for apressado não terá sucesso.
Há um ditado zen que diz, “Apreça-te vagarosamente!” É isso aí. Tenha pressa, isto é o certo, pois a morte se aproxima – neste sentido, apresse-se. Mas lá dentro, se você for apressado irá fracassar, pois tirará conclusões apressadas, antes que seus olhos se acostumem. Não tire conclusões apressadas.
Apressa-te vagarosamente. Aguarde apenas! Vá até lá, sente-se e espere. Pouco a pouco o mundo novo do invisível se torna claro, você o percebe. Você se acostuma a ele, então é possível ouvir a harmonia, a melodia, e o silêncio inicia sua própria música. Ela sempre esteve lá, mas é tão silenciosa que são necessários ouvidos muito treinados. Não é como um barulho, é como um silêncio. O som interior é como silêncio, a forma interior é amorfa. No interior não há tempo nem espaço. Coisas ocorrem no espaço, acontecimentos ocorrem no tempo e atualmente os físicos já dizem que estas duas coisas não são separadas; que até o tempo é apenas a quarta dimensão do espaço.
Você só conhece tempo e espaço, o mundo das coisas e dos acontecimentos. Você não conhece o mundo do auto-testemunho. Ele ultrapassa os dois últimos, não está confinado nem no espaço e nem no tempo. Nele há duração sem que haja tempo e há espaço, mas sem altura, largura e profundidade – é um mundo completamente diferente. Você precisará se acostumar com ele, então não seja impaciente – a impaciência é a grande barreira. Já percebi que quando as pessoas começam sua viagem em direção ao mundo interior, a impaciência é a maior das barreiras. Uma paciência infinita se faz necessária. Poderá acontecer no momento seguinte, mas uma paciência infinita é necessária.
Se você for impaciente, a viagem poderá não acontecer por muitas vidas, porque a própria impaciência não permitirá o repouso de que Jesus falou, a tranqüilidade. Mesmo que você já esteja esperando algo, a espera será uma perturbação. Se você crê que algo está para acontecer, algo extraordinário, nada acontece ao final. Se você está esperando, na expectativa de que alguma iluminação ocorra, ela não ocorrerá. Não fique na expectativa. Todas as expectativas pertencem ao mundo da morte, à dimensão do tempo e do espaço.
Nenhuma meta pertence ao mundo interior. Não há outra forma de atingi-lo, a não ser esperando, com infinita paciência. Jesus disse: “Vigie e seja paciente”. E algum dia, repentinamente, você será iluminado. Um dia, quando o padrão vibratório correto surgir, quando você estiver pronto, se iluminará de repente. Toda a escuridão desaparece, você é preenchido pela vida, vida eterna, que nunca perecerá.
[1] O que não está relacionado com o seu Eu interior, o mundo das coisas, o mundo das aparências, o reino da morte. (Nota do Tradutor)
[2] Descendentes dos persas ou seguidores do Zoroastrismo na Índia
[3] A não violência é idéia básica no Jainismo do qual Mahavir ou Mahavira, foi um dos doutrinadores. Qualquer mínima violência deve ser evitada pelos praticantes e mesmo a morte de um inseto é considerada imperdoável.
[4] Mais uma vez a tradução direta não nos socorre, o termo em inglês tem o sentido de atingimento, de alguma meta bem definida, a iluminação talvez, ou a paz espiritual. (Nota do Tradutor).

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